Bem-vindo ao NUTRIÇÃO DE FAMÍLIA!
Aqui entendemos que a alimentação nutre mais que corpos, nutre relações.

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Obesidade: Relações familiares têm influência na doença

Pessoal,
Saiu um release sobre nossa pesquisa no site da Universidade Católica de Brasília. Segue na íntegra.

Obesidade: Relações familiares têm influência na doença
(15/04/2010 - 15:31)


Problemas cada vez mais comuns na vida do brasileiro como a obesidade e o transtorno alimentar não são questões isoladas que dizem respeito somente ao indivíduo. Uma pesquisa do Mestrado em Psicologia da Universidade Católica de Brasília mostra que o ambiente familiar no qual vivem essas pessoas está diretamente relacionado a esses problemas. O estudo, que analisou pacientes obesos e vítimas do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) e seu contexto familiar, traz uma reflexão sobre a influência da realidade em que esses pacientes se inserem.
Segundo a pesquisa, problemas familiares são muitas vezes influentes nesses distúrbios. Em alguns casos analisados, percebeu-se que muitas famílias de pessoas obesas se caracterizam por praticarem poucas atividades de lazer, evitar constantemente qualquer tipo de conflito e manter uma comunicação com pouca expressão de sentimentos. A alimentação, nesses casos, se firma como um laço de afetividade entre os membros da família. Além disso, percebeu-se que nessas situações a obesidade é vista como o único problema presente, o que caracteriza um quadro de acomodação dos integrantes em relação ao distúrbio.
Em relação às famílias com TCAP, o quadro parece mais crítico. De acordo com os dados observados, esses casos apresentam situações de rejeição e negligência paterna, além de maior vulnerabilidade ao problema da obesidade. O estudo percebeu ainda outros fatores relacionados. Em algumas situações, o indivíduo apresenta uma história marcada por perdas, além de uma dificuldade de comunicação e adaptação no meio familiar.
Dessa forma, a pesquisa aponta que o tratamento médico padrão para esses casos não é suficiente. Existe a necessidade de se realizar uma terapia em conjunto com os membros da família para auxiliar no tratamento da obesidade e do transtorno alimentar, de modo que sejam resolvidas as questões que favorecem esses distúrbios.
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-graduação em Psicologia, da Universidade Católica de Brasília, 2007

Autora: Ana Flávia Nascimento Otto / Professora Orientadora: Maria Alexina Ribeiro

Link: Portal de notícias UCB

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fazer dieta é fácil, difícil é mudar um hábito alimentar.

Seguir uma dieta por alguns dias até que dá. Difícil é mantê-la durante meses. Mudar o estilo de alimentação é uma conquista árdua. Primeiro porque o hábito alimentar é o meio pelo qual os indivíduos, ou grupos de indivíduos, respondendo a pressões sociais e culturais, selecionam, consomem e utilizam porções do conjunto de alimentos disponíveis.
Segundo porque essa tomada de decisão sofre a influência de um conjunto de fatores ligados por complexas interações: condicionamentos e regulações de caráter biológico, ecológico, psicológico, tecnológico, econômico, e também socioculturais, como preferências e aversões individuais ou coletivas, sistemas de representações, sistemas de normas, etc. Tudo isso influi na eleição, na preparação e no consumo dos alimentos. Portanto, essa escolha não é individual, ela reflete os grupos sócio-culturais que o indivíduo participa. Além disso, é uma forma de comunicação, na qual cada um explicita sua forma de ver o mundo.
Nesse aspecto, a família como primeiro grupo social exerce um papel fundamental na formação e manutenção dos hábitos alimentares. É nela que o indivíduo tem suas primeiras experiências afetivas, relacionais e gastronômicas. a alimentação na família não se resume ao ato de comer, ela agrega os valores, os significados e as regras do grupo, ou seja, a forma como cada membro deve se relacionar entre si e com o mundo. Dessa forma, o que , como , onde e com quem se come passam a ser características importantes da identidade familiar, podendo, para algumas famílias, se tornarem a principal expressão de vínculo entre os seus membros. Nesse sentido, mudanças no padrão alimentar influenciam diretamente a dinâmica da família, podendo, dependendo da capacidade de adaptação do grupo e do nível de coesão entre seus componentes, gerar resistência dos familiares a mudanças individuais de dieta.Assim, é importante compreender como se organiza o grupo familiar e quais as implicações do seu funcionamento no tratamento dietoterápico. Assunto para os próximos posts. Até breve!

Ingredientes da receita:
  • Bleil, S.I. (1998). O padrão alimentar ocidental: considerações sobre a mudança de hábitos no Brasil. Cadernos de Debate, 4, 1-25.
  • Castro, C.M. & Coimbra, M. (1985). O problema alimentar no Brasil. São Paulo: Ed. da Unicamp.
  • Otto, A.F.N. & Ribeiro, M.A.(2007). Obesidade e Transtorno da Compulsão alimentar Periódica: um estudo sobre a dinâmica familiar. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de Brasília.
  • Tassara, V. (2006). Obesidade na infância no contexto sociofamiliar: possibilidades de (des)construção e (res)significação de identidades (pré-)escritas. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um poema para aquecer a conversa

No princípio eram apenas figuras,
retratos, formas imóveis,
Luz e sombra
Pinceladas pelo artista.

Agora, tudo é movimento.
É dança de relações sem início e sem fim,
É mistério contínuo e pulsante,
É universo de vida.

Vida, simplesmente,
Calma, intensa e sublime.
 Vida que simplesmente se vive.

Entrevista na Rádio Nacional de Brasília

Hoje às 10:15 fui entrevistada ao vivo pela jornalista Luiza Inez no programa Cotidiano da Rádio Nacional de Brasília sobre minha pesquisa sobre Obesidade e Transtorno de Compulsão Alimentar e as relações familiares. A entrevista foi legal, a Luiza é muito competente. Foi uma experiência interessante. Resumidamente falamos sobre a influência da família sobre o indivíduo, sobre a alimentação carregar em si vários sentidos sociais e afetivos, sobre algumas características das relações familiares de pessoas com obesidade grave e a importância da inclusão da família no tratamento. Assuntos que a medida que for dando tempo vou cozinhar e servir para vocês. Por hora é só. Um brinde? Tim,tim!!

domingo, 25 de abril de 2010

Por que um blog?

Talvez a melhor pergunta seja: Para que um blog? Quando terminei o mestrado pensei que minhas inquietações sobre a alimentação e o contexto familiar tinham cessado. Afinal, desde a minha graduação, a reação das famílias de meus pacientes ao tratamento nutricional para controle de peso me intrigava - os familiares apoiavam verbalmente, mas de uma forma inconsciente boicotavam a dieta. Por conta disso, fui estudar sobre as relações familiares e acabei me tornando terapeuta de família. Não satisfeita, quis ir mais a fundo e fiz o mestrado em psicologia para pesquisar as relações familiares de pessoas com obesidade grave. Daí, pensei: Acabou, agora vou pensar e fazer outras coisas! Doce ilusão.
Minha inquietação não passou. Ou melhor, ela se transformou. Hoje entendo o que se passa com as famílias quando um estranho de fora vem mudar a alimentação de um de seus membros. Contudo, preciso discutir isso com o mundo e ajudar pessoas e famílias a melhorar a saúde sem colocar em risco os valores, os sentimentos  e o relacionamento entre seus pares.
Talvez, você esteja pensando: E por que ela não escreve um livro? A resposta é simples, um livro é um monólogo. Eu preciso de um espaço de discussão, de interação. Eu preciso fazer contato e transformar o conhecimento que construí nessa caminhada com aqueles que querem e precisam dele. Sem medos, sem preconceitos, sem barreiras.
Vou tentar ir postando aos poucos algumas considerações e ir alimentando nossa discussão.
Obrigada por sua leitura e até breve.